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Natural de Lisboa, com ascendência catalã, Ana Tristany licenciou-se em Escultura pela Faculdade de Belas Artes de Lisboa. Dedicou-se à Escultura em Pedra e Medalhística tendo recebido vários prémios. É actualmente professora do Colégio Militar em Lisboa, local onde também desenvolve a sua actividade artística.

Depois de alguns anos a viver no Canadá interessou-se pela Pintura, nomeadamente pelas obras de Jackson Pollock e Morris Louis, que utilizaram a técnica de drip.

Para Ana Tristany a técnica de drip vai buscar as suas raízes, em termos formais, aos jogos de infância em que passava horas a imaginar histórias intermináveis com as manchas de humidade nas paredes antigas, ou com as nuvens do céu, atribuindo diferentes significados a cada forma consoante o estado de espírito.

Esta é a sua procura no drip, ou mais especificamente no steered-drip (conceito que desenvolveu na procura de um maior controlo criador nesta técnica), porque o óbvio é cansativo, está feito, analisado, dissecado, pertence ao passado.

 

Born in Lisbon, Portugal, graduated in Fine Arts and specialized in Sculpture by the School of Fine Arts (University of Lisbon), worked in stone sculpture and medals being awarded several prizes. She has co-founder of an advertising agency and later worked as a creative in a multinational advertising company. Ana Tristany has been teaching arts for the last 17 years having developed many pedagogical art projects for children and adults. After some years living in Canada, Ana Tristany developed a new interest in painting, especially in the works of Jackson Pollock and Morris Louis, who first used the technique of “drip”. Subsequently she developed a related technique, “steered drip”, which brings to her painting something of her initial sculptor formation.

 

 

Premio Revelação 2009
Movimento Arte  Contemporânea

 

 

Contacto: annatristany@ gmail.com

 

 

Janelas de Inverno

 

 

Texto de apresentação pelo Doutor Álvaro Lobato Faria,
Director do MAC - Movimento Arte Contemporânea:

Dentro das diversas categorias passíveis de situar a pintura de Ana Tristany, poderíamos falar de expressionismo abstracto, pintura matérica, gestualismo, action painting ou dripping, entre tantas outras correntes que alcançaram o seu carácter específico quer pelas técnicas quer pelas soluções espaciais que apresentaram dentro do denominador comum que é a Arte Informal.

Ao restringir o seu trabalho a uma destas noções corre-se o risco de uma qualificação imprópria, insuficiente ou de mau uso dos conceitos, podendo essa relação entre o conceito e a obra atingir um grau elevado de contradições. Não me centro na técnica, centro-me na pintora. Quer se trate de arte abstracta ou de arte não figurativa, o trabalho de Ana Tristany está para além do âmbito das discussões em torno da abstracção, situando-se numa categoria muito mais vasta que é a de “obra aberta”, postulada por Humberto Eco em 1962, altura em que na Europa se assistia à proliferação de objectos de arte cujas formas indeterminadas convidavam o fruidor a participar activamente na sua construção e concretização.

Diante do trabalho de Tristany estamos perante um conjunto de pinturas em que as expressões, as manchas ou os signos aos quais a artista não atribuiu intenção, são passíveis de adquirir múltiplas e novas possibilidades de leitura, desafiando o observador a dotá-las de significado, tornando-se este processo numa ferramenta fundamental para a “conclusão” das composições.

O seu trabalho torna-se assim, uma forma de investigação que realiza em parceria com quem observa, uma elaboração mental entre produtor e fruidor que não se sabe até onde vai nem de onde parte. À rapidez de execução postulada pelos informalistas como valor primordial, Tristany opõe uma pintura de duração que, ao invés da obsessão subjectivista daqueles, procura uma objectivação do processo – dripping – longe de se entregar meramente à repetição de gestos, rasgos e manchas desconexos, mas antes procurando dotá-los de continuidade orgânica, convertendo aparências informais em formas globais e enriquecidas estruturalmente.

O termo dripping, de uma forma geral, reflecte um conjunto de manifestações diversas, muitas vezes anárquicas, caracterizadas tanto pela liberdade na escolha de matérias e suportes como pela liberdade na criação de obras sem que nelas intervenha qualquer organização voluntária, ordem ou esquema pré-estabelecidos, daí resultando um denso emaranhado linear e pontilhista, por vezes caótico, prevalecendo a matéria disposta mais ou menos ao acaso.

No entanto, em contacto com a obra de Ana Tristany percebemos desde o início que trabalha em plena posse dos recursos técnicos e plásticos e, sobretudo, que os une à sua enorme intensidade intimista e tremendamente poética.

Mais do que um conjunto de relações entre diferentes cores, a sua pintura é um veículo para expressar emoções, uma mescla entre cor e matéria onde podemos sentir o movimento do braço e do pulso, numa energia gestual espontânea onde a tinta é jogada, espirrando, gotejando e manchando as superfícies, habitando-as de efeitos visuais potenciadores de significados.

Distanciando-se do gestualismo de carácter visceral, destaca a “abolição” da forma bidimensional na composição, substituindo-a por zonas de matéria pictórica muito elaboradas que chegam a criar verdadeiros relevos, numa busca incessante pela matéria que, no fundo, está na base da sua formação enquanto escultora.

Transversal ao seu percurso, a ideia de que o ensino artístico perturba a carreira de um artista plástico não cabe na definição do trabalho que Ana Tristany tem desenvolvido ao longo dos anos com os seus alunos, nomeadamente no Colégio Militar.

Dinamizadora de inúmeros projectos pedagógicos de vertente artística, o desenvolvimento do trabalho plástico em contacto directo com os seus alunos, privilegiando a pintura e a escultura enquanto caminhos para a indagação e experimentação, tem-lhe possibilitado abrir caminhos de inovação pedagógica promissores.

A sua curiosidade e rigor intelectual, bem como a preocupação em fundamentar a acção pedagógica devidamente articulada com as estruturas directivas do Colégio Militar, têm sido os estímulos que a levam a percorrer estes territórios de pesquisa e reflexão plástica enquanto complemento das capacidades intelectuais e físicas dos alunos, contribuindo decisivamente para o despertar de sentidos que, por vezes, são alheios aos educadores.

O trabalho desenvolvido por Tristany é um trabalho de acção, quer na vertente artística quer na vertente pedagógica, que se traduz não num simples jogo de extravagância formal e cromática, mas enquanto ferramenta de ensino que sistematicamente utiliza de forma planeada e ampla, numa espontaneidade que busca a expressão directa da imaginação.

Álvaro Lobato de Faria

 

 

Janelas de Outono

 

 

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